segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Suicídio.

O que Santos Dumont, Adolf Hitler, Judas, Nero, Kurt Cobain e Getúlio Vargas possuem em comum nas suas histórias?!
Se você respondeu o suicídio, parabéns !!! Afinal, o título deste post já indica claramente o assunto. Assunto que é tabu e também é cercado de complexidade e afins filisóficos.
Na religião encontramos definições espirituais para tal ato, e na ciência através da psiquiatria e psicologia, afirmarão como resultante de uma patologia. Na filosofia, encontraremos a dúvida e a falta de respostas, já que um leque de colocações serão feitos. Mas o problema está aí e batendo a nossa porta!!!
Por várias vezes ouvi que um suicida é uma pessoa sem Deus ou sem amor, o que daria um grande problema para os ateus. A religião em si, pode sim influenciar no famoso livre arbítrio humano. Basta ver os fatos recentes, homens bombas e etc. Mas em menos de um ano, me deparei com dois casos distintos de pessoas que tiraram as suas vidas de forma "absurda", absurda para os padrões de vida propostos pela igreja. Um foi um pastor, pai de 3 filhos e o outro um jovem seminarista. Foram mortes que abalaram os seus parentes. Nada esperado, e nada diagnosticado.
Vejam um texto sobre o tema:
Suicídio (do latim sui caedere), termo criado por Desfontaines, matar-se, é um ato que consiste em pôr fim intencionalmente à própria vida.

Define-se suicídio como a atitude individual de extinguir a própria vida, podendo ser causada entre outros factores por um elevado grau de sofrimento, que tanto pode ser verdadeiro ou ter sua origem em algum transtorno afetivo, transtorno psiquiátrico como a psicose aguda (quando o indivíduo sai da realidade, porém não o percebe) ou a depressão delirante. Em todos os três casos, a probabilidade de atitude tão extrema é consideravelmente potencializada se houver uso continuado de drogas e de bebidas alcoólicas. O suicida pode, ou não, deixar uma nota de suicídio.
Um amplo espectro da sociedade trata o assunto sob o véu do tabu, ou seja: um tema sobre o qual devem-se evitar maiores aprofundamentos teóricos ou acaloradas discussões. No entanto, o suicídio pode ser considerado um problema de saúde pública, na medida que em países onde a estatística é utilizada como ferramenta no auxílio de melhor visualização da realidade social, como nos Estados Unidos, são elevados os índices de mortes por suicídio e muito maiores os números referentes às tentativas infrutíferas.

As reações ao suicídio variam de cultura para cultura. O ato é considerado um pecado em muitas religiões, e um crime em algumas legislações. Agostinho de Hipona (354-430) assumiu um posicionamento segundo o qual cristãos não podem cometer suicídio, pois compreendia que o mandamento ‘Não matarás’ (Êxodo 20.13) proíbe matar a nós mesmos. Por outro lado, algumas culturas vêem tal ato como uma maneira honrosa de escapar a situações vergonhosas ou desesperadoras, como no caso do seppuku japonês geralmente usado para limpar o nome da familia na sociedade. As pessoas que tentam o suicídio, com ou sem sucesso, deixam geralmente um bilhete para explicar tal ato, o que comprova que o suicídio é, de uma maneira geral, um ato premeditado. Suas causas psíquicas ainda permanecem desconhecidas, mas está associado principalmente a quadros depressivos.

Há uma frase célebre sobre o tema do filósofo Albert Camus: "O suicídio é a grande questão filosófica de nosso tempo, decidir se a vida merece ou não ser vivida é responder à uma pergunta fundamental da filosofia"

No mundo, 815 000 pessoas cometeram suicídio no ano 2000, o que perfaz 14,5 mortes por 100 000 habitantes (uma morte a cada 40 segundos) - fonte, (PDF), em francês.
Países do Leste Europeu são os recordistas em média de suicídio por 100.000 habitantes. A Lituânia (41,9), Estônia (40,1), Rússia (37,6), Letônia (33,9) e Hungria (32,9). Guatemala, Filipinas e Albânia estão no lado oposto, com a menor taxa, variando entre 0,5 e 2. Os demais estão na faixa de 10 a 16.
Em números absolutos, porém, a China lidera as estatísticas. Foram 195 mil suicídios no ano de 2000, seguido pela Índia com 87 mil, a Rússia com 52,5 mil, os Estados Unidos com 31 mil, o Japão com 20 mil e a Alemanha com 12,5 mil. O suicídio é cometido mais freqüentemente pelos homens do que pelas mulheres. Na realidade, o número de tentativas com sucesso é maior nos homens do que nas mulheres, sem dúvida porque os homens escolhem, geralmente, métodos mais violentos (enforcamento ou revólver contra intoxicação por medicamentos para as mulheres).
Com relação à idade, se os jovens são particularmente vítimas deste problema, o número de suicídios é ainda mais importante com uma idade mais elevada, tendo a curva de suicídios masculinos a forma de um n, com um pico próximo aos 50-60 anos.
O suicídio afeta todo mundo, sem distinção de "classe". Acredita-se que o meio cultural influencie as taxas de suicídio. Altos níveis de coesão social e nacional reduzem as taxas de suicídio. Essas são mais elevadas junto às pessoas aposentadas, desempregadas, divorciadas, sem filhos, urbanas, vivendo sozinhas. As taxas aumentam nos períodos de incerteza econômica (apesar de a pobreza não ser uma causa direta). A maior parte dos suicidas sofrem de desordens psicológicas. A depressão é uma das causas mais freqüentes. As doenças psíquicas graves ou doenças crônicas podem também ser causa de suicídios.

Do ponto de vista do indivíduo, o suicídio é raramente percebido como um fim. Ele é, ao contrário, considerado como a única alternativa possível para escapar de uma situação considerada insuportável. Outros motivos existem: encontrar uma pessoa querida falecida, sofrimento por remorsos, etc.
Finalmente, a taxa de suicídios é também influenciada pela cobertura da mídia em torno do suicídio de pessoas célebres. Mesmo o suicídio fictício de um personagem de um drama popular pode conduzir a uma alta temporária da taxa de suicídios (como aconteceu com a publicação de Os Sofrimentos do Jovem Werther, de Goethe).
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Suic%C3%ADdio)

Considera-se a depressão como uma das causas mais freqüentes do suicídio, podendo instalar-se de forma secundária, advinda de várias condições médicas ou dos mais diversos eventos morais.
O suicídio, além de constituir uma perda irrecuperável para a própria pessoa - a perda da vida, suscita no outro diferentes formas de reação - que vão desde a abominação do ato até o seu incentivo com fins ideológicos e/ou religiosos. Suscita também, e principalmente, na sociedade ocidental, a perplexidade - podendo gerar vários sentimentos, entre os quais a culpa, a vergonha, o sentimento de perda e de impotência de mais nada se poder fazer frente à pessoa que se foi.
Dadas as considerações preliminares sobre o suicídio, reporto-me agora ao ano de 1910, ao 1º simpósio sobre o suicídio presidido pelo criador da Psicanálise, Sigmund Freud, quando o mesmo tinha então 54 anos. Nesse simpósio, Freud tratou pela primeira vez do suicídio e assim falou:
"Como é possível que o extraordinariamente poderoso instinto de vida seja vencido?" Freud assim complementou: "podemos apenas tomar como ponto de partida a condição da melancolia tão familiar na clínica". E eu complemento, tão familiar nos dias de hoje, conhecida como depressão, sobre a qual me referi por ser a maior responsável pela incidência do suicído por instalar-se em várias condições humanas em conformidade com Kaplan, Saddock e Grebb (1997). A depressão, tão falada nos dias de hoje tanto pelos profissionais da saúde física ou mental como também pela população leiga, ainda não é bem compreendida, sendo seus conceitos os mais variados e os seus sintomas muitas vezes restritos à tristeza e ao desânimo comuns mas que podem ganhar dimensões - as mais avassaladoras de comprometimento tanto psíquico quanto físico.

Freud no simpósio de 1910 abordou a melancolia como um estado psíquico que poderia estar presente no suicído e, sem falar diretamente do narcisismo, assim colocou-se:
"... queriamos averiguar antes de mais nada como é possível que seja superada a poderosíssima pulsão de vida; queríamos averiguar se isto é possível pelo simples efeito do despojamento da libido ou se existe também renúncia do ego à sua autoconservação emanada por motivos puramente egóicos" .

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