sábado, 6 de dezembro de 2008

Sistema cardiovascular e afetivo.



(foto:CNRI / SCIENCE PHOTO LIBRARY)

"Ninguém entende ao certo como funciona. No mesmo instante em que se está vivo ele pode receber uma grande descarga e parar de funcionar, ao passo que quando ele parar de funcionar pode também receber certa descarga de energia e miraculosamente voltar a vida. No mesmo instante em que se está feliz e de bem com a vida algo que se escuta ou se vê faz toda essa alegria e contentamento escoar pelo cano...uma espécie de sístole e diástole sentimentais.
É um músculo oco ,as trabalha com perfeição e dita todo o funcionamento do corpo, desde as principais funções até as mais secundárias que estão ligadas a ele. Até aí é obvio mas não se sabe qual a relação que ele tem com o que sentimos, com o que pensamos e com os impulsos amorosos.
Existem alguns fatores e sentimentos que aumentam a frequência cardíaca: Queda da pressão arterial, inspiração, excitação, raiva, dor, redução da disponibilidade de oxigênio para as células do organismo, exercício, adrenalina, febre. E outros que diminuem: Aumento da pressão arterial, expiração, tristeza.
Mas a explicação de que forma o coração parece vibrar ou desmoronar quando se vê alguém não existe, a rapidez com que ele acelera os batimentos quando é correspondido, a coagulação da espera, a dor da traição ou esquecimento, a estupidez e humilhação ou coragem de se esquecer tudo e começar do zero isso não se explica.
Átrios e ventrículos não são tão complexos se comparados a esses sentimentos que nem o próprio Deus se atreve muito a ditar regras e traçar um plano certo e impecável. As vezes acontece pela muita convivência, pela muita afinidade, pela falta de opções mas acaba se tornando a coisa mais bonita constante e duradoura da vida daquelas pessoas. Outras vezes acontece sem que nunca tenham se visto antes, sem muito porque, sem muita razão, algumas pessoas o constroem sozinhas e demoram a perceber que não se pode sozinho, mas a vida acaba por reservar a essas pessoas a chance de amarem e receberem de volta. Lançar o pão sobre as águas e esperar que um dia possa recolhe-lo.
Aquela necessidade de fazer bem ao outro mesmo quando lhe é feito o mal, quando o egoísmo diminui, quando se abre mão dos direitos, quando resiste ao tempo, a distância e as falhas. Aquilo que traz paz, tira a paz, que te faz tomar medidas extremas, aparecer lugares sem convite, dizer sem ser perguntado, ligar sem saber porque, escrever sem assuto, se expor e perder o pensamento racional, coisas que qualquer marca-passo desconhece.
Fica ai então o diagnóstico (ou a falta dele) e o eletrocardiograma. Não há controle, não há poder, não há medicina nem ciência filosófica que explique e não se sabe ao certo se são todos que tem a sorte de sentir algo assim. E isso não é uma narrativa sem sentido."
Fonte: Recanto das Letras / PHER
Fernanda Macedo

Um comentário:

Anônimo disse...

Parabéns pelo blog... tudo muito bom!
Mais esse post aquié o MELHOR!