(Lars and the Real Girl, 2007)
Sinopse: Lars Lindstorm é um rapaz tímido e introvertido que vive na garagem vizinha a seu irmão mais velho Gus e de sua cunhada Karen. Lars vê sua vida passar passivamente, até que recebe a visita de Bianca: uma linda missionária religiosa, meio dinamarquesa, meio brasileira. O problema é que Bianca não é uma garota real, mas uma substituta inanimada, uma réplica de uma mulher comprada pela Internet. Todos sabem para que serve uma boneca com Bianca, mas para Lars, que realmente acredita que Bianca é um ser humano, ela torna-se um apoio emocional. Seguindo os conselhos de uma psicóloga, sua família concorda a entrar no jogo de Lars, enquanto ele lida com seus problemas pessoais.
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Se convencionalmente a fórmula das comédias românticas se mantém igual em essência, alterando apenas nomes, lugares e atores (ora se vê a Cameron Diaz, ora Hugh Grant), uma curta sinopse de A Garota Ideal pode assustar espectadores desavisados. Lars, jovem trabalhador com distúrbios de convivência social, decide apresentar sua nova namorada a seu irmão mais velho e sua cunhada. São duas as surpresas do casal: a primeira, por verem orgulhosos Lars se relacionando com alguém. A segunda é Bianca, a então namorada, que nada mais é do que uma boneca (normalmente utilizada para fins não exemplificados em filmes com conteúdo para menores de 18 anos).
Indicado ao Academy Award na categoria de melhor roteiro original em 2008 (perdeu para Juno), Lars and the Real Girl traz vitalidade para uma indústria cinematográfica cada vez mais direcionada à produção do cinema de entretenimento, e mostra através de uma premissa inusitada as (des)aventuras desse rapaz em sua cidade interiorana, que é confrontada pela situação incômoda à que são apresentados: os moradores devem aceitar o namoro de Lars, submetidos ao respeito que sua família possui no local e não problematizando ainda mais o estado mental do jovem.
O que é evidente em A Garota Ideal é a fluidez de seu roteiro, que se resolve frente às situações e temas que são conectados ao seu plot. O filme aborda o mote controverso enquanto cria mais e mais personagens secundários incrivelmente bem caracterizados e críveis (algo raríssimo no cinema contemporâneo), demonstrando suas necessidades e relevâncias para a trama. Como exemplo, temos os diversos moradores da cidade, que demonstram uma aceitação aparentemente irreal perante o relacionamento do protagonista com a moça de borracha. Irreal até que o roteiro guie diversas cenas em que se possa entender o relacionamento que essas pessoas criam com Bianca, onde o que primeiramente é apenas uma questão de altruísmo por Lars, passa a ser a solução de diversas necessidades desses moradores.
É então nesse momento que Bianca nasce. Ela deixa de ser apenas fruto da estranheza do personagem principal e passa a ser uma pessoa, com personalidade própria, singularidades e um próprio caráter. Os responsáveis por tamanho feito são os próprios personagens secundários, que agregam valores e características desejadas por si próprios à boneca e, com isso, desenvolvem uma identidade para a mesma. E cabe a Lars aceitar cada vez mais essa nova Bianca, que não está se comportando como aquela que ele idealizou (no extremo do literal). E Nancy Oliver, a roteirista do projeto, é a “culpada” por essa fantástica realização.
Inseridos no ótimo roteiro, os personagens são interpretados por de um time de atores de primeira, vez ou outra envoltos com bons projetos independentes, encabeçados pelo grande ator em ascensão Ryan Gosling. Gosling tem um carisma único, perfeitamente cabível à personagens não-convencionais como Lars. Também ganham destaque na película Patrícia Clarkson, como a médica da família e Emily Mortimer, que orquestra de forma incrível cenas cômicas e dramáticas como a doce cunhada de Lars.
Mesmo sem uma direção elaborada ou muito rebuscada, A Garota Ideal faz rir e emociona através de elementos muito puros. Nada como um suspiro (revitalizante?) no cinema massificador atual.
Um comentário:
tá com cara de ser bom
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