RIO - Paul McCartney é carioca. E isso quem garantiu foi o próprio, que mais uma vez desfiou suas frases em bom (ou quase) português e emocionou as 45 mil pessoas que lotaram o Estádio Olímpico João Havelange de última hora para ver o derradeiro show do ex-beatle no Rio. Durante pouco mais de 2h30m, o alinhado e engravatado Paul fez o que foi o show mais quente da passagem da "Up and coming tour" pelo Brasil. A perna brasileira da turnê, que começou em Porto Alegre em novembro do ano passado e passou por São Paulo, encerrou mais um capítulo nesta segunda. Há 21 anos sem pisar no Rio (ou "Ri-you", como adorava repetir, para delírio dos fãs), Macca fez mais um show memorável na estreia do Engenhão como palco musical e vai deixar saudades.
Aberto com "Magical mistery tour" - música que não constou do setlist de domingo - às 21h30m em ponto, o show guardou surpresas para aqueles que peregrinaram pelo país atrás do ídolo. "Coming up", de sua carreira solo, e o hit do iê-iê-iê "I saw her standing there" deram as caras pela primeira vez nesta série de cinco shows. Entre uma e outra das 33 músicas de seu vasto repertório - que ia, claro, dos Beatles a sua carreira solo, passando por canções dos Wings e do Fireman, seus outros projetos -, o ex-beatle era só alegria e não parava de soltar seus "demaish", "boa noite", "valeu", "obrigado", "tudo bem?" e "é ótimo estar de volta ao Rio" com um sotaque irreprensível para um visitante tão esporádico. Para a alegria de todos e felicidade geral da nação, Macca até se arriscou a fugir do bem ensaiado (e por vezes repetitivo) script e improvisou, ao piano, uma canção sobre a Cidade Maravilhosa. Fanfarrão como todo bom nativo, afinal.
O público devolveu a deferência promovendo coros ao final de clássicos como "Got to get you into my life", "Here today" (dedicada a John Lennon), "Something" (uma homenagem a George Harrison), "Day tripper" e "Back in the USSR", emocionando o já escaldado músico inglês, que, aos 68 anos, carrega nas costas mais de cinco décadas de carreira com uma disposição - e uma voz - impressionantes. Ao lado da afiada banda formada por Rusty Anderson (guitarra), Brian Ray (guitarra e baixo), Paul Wickens (teclados e guitarra) e o figuraça Abe Laboriel Jr. (bateria), Macca ainda voltou a seguir o roteiro ao presentear o Rio com as já esperadas "All my loving", "Blackbird", "Band on the run", "Hey Jude" e a pirotécnica "Live and let die", ora em momentos introspectivos, ora em momentos catárticos. E em resposta, o músico mais uma vez rebolou, levantou seu baixo Hofner (uma marca registrada) e fez caras e bocas, esbanjando carisma em comunhão com toda aquela gente.
Até "Hello, goodbye", canção de abertura do concerto de ontem e excluída do setlist desta noite, teve seu momento no Engenhão na voz dos empolgados fãs. Mais empolgadas ainda estavam Laura, Carolina, Julia e Mariana, as jovens que ganharam a chance de subir ao palco e de abraçar o ídolo. Solícito, Paul recebeu as quatro no palco, abraçou, autografou, terminou o segundo bis com a tríade matadora "Yesterday", "Helter skelter" e "Sgt. Pepper lonely hearts club band" e demorou ao despedir-se mais uma vez do Brasil sob uma chuva de papéis com as cores de nossa bandeira. Que este "adeusinho" seja novamente um "até logo".
Um comentário:
O show deve ter sido lindo!
O único problema você sabe.
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